Greenwashing: Fique Atento a Essas Trapaças

Já caiu em um golpe por distração? Aqui estão algumas alegações comuns sobre plásticos que podem enganar consumidores. Começamos com uma imagem que fala por si.

Imagem 1 obtida na Internet. Vamos fazer contas? Embalagem feita com 50% de plástico reciclado + 50% de plástico virgem + “ácido graxo” = mais de 100%?! Derivado de óleo?!

“Material orgânico”. Este termo pode induzir a ideia de que algo é natural e seguro, mas na química, qualquer substância com carbono é classificada como orgânica. Não se deixe enganar. Relaxe, você foi enganado achando que algo “orgânico” é um diferencial.

“Plástico compostável”. Não é surpresa que essa questão ocupe um lugar de destaque na lista. Um plástico compostável, apesar de seu nome, permanece sendo um tipo de plástico e só se biodegrada em um ambiente específico de compostagem, como as usinas de compostagem. De acordo com as normas de compostagem, esse plástico deve se transformar pelo menos 90% em CO2 em um prazo de 180 dias. Portanto, ele não contribui para a formação de composto, mas emite gás de efeito estufa. Aceite que é bastante comum ser enganado por essa conversa sobre plásticos compostáveis.

“Origem renovável”. Trata-se de um plástico, especialmente no caso dos flexíveis, que também contém materiais de origem fóssil. Além de serem muito mais caros, esses materiais são cultivados, adubados, colhidos e transportados por veículos movidos a combustíveis fósseis, sem garantia de que sejam biodegradáveis na natureza. É compreensível que você pensasse que valia a pena pagar mais apenas por ser classificado como “renovável”.

“PET, PS, ABS biodegradável”. Difícil de acreditar que ainda tem gente que crê nisso. Não existe no mundo estes tipos de plásticos que tenham sido testados a aprovados em normas de biodegradação que contenham critérios. Só no Brasil vemos essas coisas. Ninguém foi capaz de conferir se é verdade. Assuma, se você acreditou, qual é a saída para essa bobagem?

“Papel é mais ecológico do que o plástico”. A maioria das análises de ciclo de vida revelam que papel causa mais impactos do que o plástico. Consomem mais água, energia, ocupam mais espaço, são mais pesados precisando de mais caminhões para transporte. O plástico costuma ser mais verde quando comparado com a maioria dos outros materiais existentes. Convenhamos, quantos de nós achava que papel é melhor quando o plástico pode substituí-lo?

Imagem 2: Comparativo entre sacolas de polietileno e de outros materiais. Consumo de energia não renovável | Emissões de gases efeito estufa | Consumo de água. Apresentação Chris DeArmit – Congresso Brasileiro do Plástico 12/09/2024

“Plástico é reciclável”. Sim, ele é. Mas para isso precisa existir coleta e destinação para uma estação de reciclagem. Cerca de 9% de todo o plástico produzido até hoje foi reciclado. Para gerar um novo produto, muitas vezes é preciso adicionar estabilizantes para evitar a degradação mais rápida que é o que acontece com plásticos reciclados. É importante o símbolo correto do tipo de plástico pois facilita a reciclagem. Importante saber que plásticos compostáveis não são recicláveis junto com os plásticos comuns, e, portanto, não fazem parte da economia circular. Aceite a realidade quanto a reciclagem dos plásticos e trabalhe para que estes números sejam cada dia mais elevados.

“Óleo e ácido graxo”. Essa é uma bomba…para a sua extrusora, se fosse verdade. Podemos chamar essa tolice de escorregadia. Óleos vegetais são usados para obter ácido graxo e este ser usado para reagir com um metal para se obter um sal metálico. É disso do que se trata, mas ainda tem gente que acredita nessa narrativa enganosa.

“Certificado”. Uma das arapucas mais fáceis de cair. É o conhecido gato por lebre. Oferecem um material dizendo que é certificado por terceiros, mas entregam outro que não é certificado e é produzido em outro lugar. É como levar para o médico um exame que não é o seu. Nesse conto cai quem não presta atenção que o endereço de onde o material é produzido constante no certificado é diferente daquele onde a lebre comprada veio. Fique calmo, não foi só você quem caiu nessa roubada.

“Plástico biodegradável gera mais CO2 do que o comum”. Essa é uma conversa de ilusionistas. Falada por quem não liga dois pontos num papel. É impossível que coisas com massas iguais gerem mais CO2 do que a outra. Plásticos compostáveis, biodegradáveis e plásticos comuns, de massa igual, geram a mesma quantidade de CO2 quando biodegradam. A diferença está na velocidade que isso acontece e a biodegradação de plásticos biodegradáveis na natureza traz mais benefícios do que o aspecto do CO2. Nessa só cai quem faltou na escola.

“Biodegradável em aterro sanitário”. Mais uma bomba e aquecimento global. A biodegradação de qualquer material em aterros sanitários é lenta. E indesejável pois gera gás metano, explosivo e mais potente que o CO2 como gás efeito estufa. Quanto menos biodegradação nestes locais, melhor. Quem aceitou conversinha precisa ver que os aterros transformam planícies em colinas que nunca diminuem de tamanho caso fosse fato uma biodegradação rápida.

“Vai biodegradar 100% em 135 dias e meio”. Não podemos esquecer dessa. Como alguém no planeta pode ser capaz de prever com exatidão quanto tempo um material vai biodegradar? Ele vem do futuro e viu? É claro que plásticos biodegradáveis de marcas reputáveis biodegradam conforme critérios das normas. Mas o grau e tempo podem variar como varia a natureza e materiais. O mesmo acontece com uma folha caída de uma árvore. Acredite, tem muita gente que quer saber isso e fica decepcionado quando não tem essa informação. Ou quando tem, lamentavelmente foi enganado com informação falsa.

Infelizmente, algumas pessoas continuam a apoiar produtos com alegações enganosas, ignorando as consequências legais e éticas. A honestidade nas alegações é crucial para manter a reputação.

Os plásticos biodegradáveis têm seu valor, e a tomada de decisões bem informada é essencial para um futuro sustentável. Se você tem dúvidas ou suspeita de greenwashing, entre em contato conosco. Juntos, podemos construir um futuro melhor. contato@inbiopack.org.br

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