Biodegradação Não Comprovada e Seus Riscos

Imagem 1: “Copo biodegradável” Bioleve

Ao encontrarmos no mercado um copo de água mineral da marca Bioleve rotulado como biodegradável, sem informações adicionais, decidimos saber mais sobre o assunto. Visitamos o site da empresa para verificar as informações sobre o copo.

Imagem 2: Página da Bioleve com informações sobre o copo (em 30/01/2025)

Entramos em contato com a Bioleve por e-mail e enviamos algumas perguntas, que foram respondidas junto com documentos. Após analisar o material fornecido e aprofundarmos nossa pesquisa, chegamos às seguintes conclusões:

  1. Não há comprovação de biodegradabilidade. A Bioleve enviou apenas um relatório de fotodegradação, sem qualquer comparação entre um copo convencional e o copo rotulado como “biodegradável”. Não foram apresentados testes de biodegradação para Polipropileno (PP), resina usada no copo, em conformidade com normas reconhecidas.
  2. O copo foi fabricado no Brasil com um aditivo produzido no país, identificado como Go Green P-Life. No site da Bioleve, consta a alegação de que esse aditivo possui a “Certificação Internacional SASO Quality Mark 2879”. No entanto, não existe nenhum aditivo produzido no Brasil certificado pela SASO, tampouco fabricantes nacionais de copos com essa certificação.

Esse caso guarda semelhança com o processo judicial movido contra o Carrefour, no qual a rede foi condenada pelo uso de bandejas de poliestireno (PS) expandido contendo o mesmo aditivo, comercializadas com alegações enganosas de ser feito com óleo de coco, tornar o PS biodegradável, entre outras. (Ver detalhes aqui.)

Reconhecemos e agradecemos a disposição da Bioleve em responder nossos questionamentos. No entanto, sob nosso ponto de vista embasado nos fatos até essa data, as respostas fornecidas não comprovaram os apelos ecológicos nem a biodegradabilidade dos copos de PP que embalam a água Bioleve.

Esse é mais um exemplo como marcas respeitadas se expõem a riscos ao adotar propagandas e alegações não comprovadas. A biodegradação de plásticos pode ser uma solução para o lixo plástico descartado incorretamente, desde que seja baseada em comprovações científicas e comunicada com transparência para o consumidor.

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