Efeitos tóxicos de nanoplásticos biodegradáveis de ácido polilático no desenvolvimento do peixe-zebra
Fonte: Nature.com – Efeitos tóxicos de nanoplásticos biodegradáveis de ácido polilático no desenvolvimento do peixe-zebra (Danio rerio)
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Resumo
A contaminação por plástico representa uma ameaça significativa ao meio ambiente, com potenciais riscos à saúde de todas as espécies. Recentemente, os plásticos de base biológica foram introduzidos como uma alternativa ecológica aos plásticos derivados de combustíveis fósseis. No entanto, os produtos da degradação dos bioplásticos apresentam efeitos potencialmente nocivos comparáveis aos dos plásticos derivados de combustíveis fósseis. O ácido polilático (PLA) é um dos bioplásticos mais utilizados no mundo e requer altas temperaturas, encontradas na compostagem industrial, para se degradar completamente. Essas condições não são típicas de ambientes naturais, onde a degradação do PLA leva ao acúmulo de micro e nanoplásticos. Diante disso, o objetivo do presente estudo foi avaliar os potenciais efeitos biológicos nocivos dos nanoplásticos de PLA (PLA-NPs). Os efeitos da exposição aos PLA-NPs foram avaliados por meio de um estudo in vivo sobre a bioacumulação em estágios iniciais em zebrafish, indução de estresse celular e morfofisiologia, e por meio de um estudo in vitro em HDF (fibroblastos dérmicos humanos), utilizados para simular uma das vias de contaminação em humanos, a fim de avaliar seu potencial de absorção celular. Para este fim, embriões de zebrafish foram expostos a nanopartículas fluorescentes de PLA (PLA-NPs) nas concentrações de 0,1 e 1 mg/L, por até 5 dias. No estudo, experimentos paralelos foram conduzidos expondo embriões de zebrafish a micropartículas de poliestireno (PS-MPs), utilizadas como um controle positivo nocivo bem estabelecido. Nenhuma alteração nos parâmetros do Teste de Toxicidade Aguda em Embriões de Zebrafish foi encontrada; entretanto, observou-se alteração na frequência cardíaca dos zebrafish tratados com PLA-NPs em 96 e 120 horas pós-fertilização (hpf). Nenhuma alteração morfológica significativa nos tecidos do cérebro e do fígado foi detectada. A bioacumulação de PLA-NPs foi detectável em 72 e 96 hpf, presumivelmente no trato gastrointestinal. A análise da expressão gênica de marcadores de estresse celular ( hmox1 , nos2 , sod1 , sod2 , il1β , tnfα , il4 , il13 , infγ , tbx21) mostrou indução de inflamação e estresse oxidativo em zebrafish às 72 e 120 hpf. Finalmente, as HDF demonstraram potencial de absorção, sugerindo sua capacidade de ultrapassar a barreira dérmica humana. Os resultados obtidos, juntamente com aqueles da exposição de zebrafish em desenvolvimento e células HDF às mesmas concentrações de PS-MPs, levantam preocupações sobre o impacto biológico dos bioplásticos à base de PLA e seu uso como uma alternativa segura aos plásticos derivados do petróleo.
